Pesquisas com crianças mostram
que elas não conseguem esperar. Deram-lhes a opção de ganhar uma barra de
chocolate, imediatamente, ou aguardar 30 minutos e ganhar o dobro. As mais
novas foram imediatistas, e à medida que a idade dos entrevistados crescia, aumentava
o número daqueles que eram capazes de esperar para ganhar o dobro.
Concursandos "meninos",
ainda em amadurecimento, não aguardam o tempo suficiente para ganhar todo o
“chocolate” possível; preferem menos chocolate, mas de imediato. À medida que
"envelhecem", passando tempos no sistema "concurso público",
abrem mão de algum chocolate "imediato" em prol de mais chocolate
depois. Concursandos "adultos" administram o tempo, o lazer e a
urgente e descomunal necessidade de muito estudo, revisão e treinamento.
Não quero dividir as pessoas em
"meninos" e "adultos", apenas registrar que – como em
qualquer projeto – há um processo de amadurecimento que, muito mais que mudar o
grau de conhecimentos auferidos, muda atitudes e comportamentos.
O chocolate "da hora" é
tudo o que, inequivocadamente prazeroso, adia o estudo, a revisão, a realização
de questões de concurso etc.
A capacidade de ser o senhor de
seu comportamento é, por fim, uma questão de maturidade.
A mesma que nos induz a fazer
escolhas mais sérias que as relativas aos concursos públicos (qualidade de
nossos relacionamentos, de nossa alimentação, de nossa forma de enfrentar a
depressão e as crises).
Precisamos amadurecer para a
vida. A maratona dos concursos se torna mais simples, pois as regras e
princípios gerais são os mesmos que influenciam as demais áreas da vida. Em
concursos, "a dor é temporária, o cargo é para sempre". Os
sacrifícios terminam um dia.
Pensemos na necessidade de
desenvolver a difícil capacidade de abrir mão do prazer imediato pelo prazer
maior no futuro. É uma troca, um negócio, um investimento, um plano, um
desafio, uma idéia.
Abdicar totalmente do
"chocolate" não funciona. As poucas pessoas que o fizeram e passaram
não são muito normais. Os normais não suportam muito tempo sem períodos de
descanso, se estressam, têm o rendimento reduzido, mais dificuldade para passar
e, com o tempo, não raro, desistem.
Logo, mais do que se abdicar do
sono mínimo, do lazer, da saúde, da atividade física, do namoro etc. – o que
seria mais "simples" – você deve obter aquilo que elas podem
contribuir para seu bem-estar e para o aumento de sua produtividade.
O tempo fora do estudo não é um
tempo perdido, mas um período em que, se bem-dosado, aumentará seu desempenho
além de, naturalmente, impedir que você não agüente a pressão.
E qual é o ponto de equilíbrio?
Quem tiver a fórmula, me envie.
Eu não a tenho. Assim como criar filhos ou manter o amor entre um casal,
estabelecer essas fronteiras é um processo pessoal, progressivo, subjetivo,
difícil e imune a fórmulas prontas. Não existe sabedoria pré-fabricada.
Por outro lado, existem algumas
dicas que podem ajudar:
1. O equilíbrio é essencial. Ao
tomar consciência disso, você estará próximo ao caminho muito mais produtivo e
saudável para alcançar seus objetivos;
2. esteja presente naquilo que
está fazendo;
3. entenda que qualidade vale
mais do que quantidade;
4. há quantidades mínimas de
sono, trabalho e outras atividades. Você deve descobrir suas reais necessidades
e melhorar fazendo-as bem e sem pensar em outras, e até mudar o número de horas
a partir de um novo padrão de vida (Ex.: a) pessoas sedentárias precisam dormir
mais: deixe o sedentarismo e terá mais horas e qualidade de vida acordado; b)
pessoas que esquecem os problemas antes de dormir vão rapidamente para o
estágio de sono profundo e descansam melhor, recuperando-se mais do que aqueles
que ficam remoendo problemas).
5. Não há um número padrão de
horas de estudo para a aprovação. O ideal é o maior número de horas desde que a
pessoa mantenha a qualidade do estudo e um mínimo de equilíbrio em sua vida
pessoal.
6. Se, após todos os passos para
administrar e obter tempo, ainda lhe faltar horas de estudo, significam mais
anos para passar em um concurso. Tudo bem. Muitos servidores de hoje passaram
pelo que você está passando. É possível. Outra dica: faça muitos resumos e
revisões periódicas e, eventualmente, reflita sobre a utilidade dos chamados
"concursos escada".
7. Pessoas casadas, com filhos,
problemas, doença na família, idade avançada, todas podem chegar ao sucesso.
Não aceite tais limitações, pois são ilusórias. O máximo que a vida pode lhe
exigir é um pouco mais de esforço.
Desejo, a todos, boas escolhas e
muito chocolate.
*William Douglas é juiz federal,
professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o
best-seller “Como passar em provas e concursos” – www.williamdouglas.com.br
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